A paisagem ao seu redor é deslumbrante. Pinheiros e sequóias o margeam, flores de variada beleza se entrelaçam a seus pés, enquanto rios e cachoeiras cristalinas se curvam diante de sua altivez. Imutável, ele contempla o esplendor da natureza criativa e onipresente, conservado em sua própria rigidez e incapaz de recitar um elogio, por mais que se encante e ainda que faça parte de todo o conjunto harmonioso que ladeia seu corpo de granito.
O rochedo ali se sustenta e assim se mantém sem brevidade. Os dias lhe são velozes, os anos passam à sua revelia e somente os séculos possuem crédito com alguma diferença. O sol lhe aquece as pouquíssimas diáclases, a chuva não lhe esmorece a robustez e as noites lhe são senhoras do mistério, alimentadas pelo brilho da lua e pelo uivar de lobos. E assim o rochedo se sustenta, dia após dia, como parte do conjunto harmonioso que ladeia seu corpo de granito.
Assim como o rochedo, existem aqueles que se sustentam no egoísmo bem próprio dos que se alienam na mais completa indiferença às afinidades dos que os amam. Como o rochedo, não podem se lançar aos bons sentimentos que os cercam, não se movem, não se demonstram e, por isso, permanecem cimentados à sombra dos próprios temores. Como o rochedo, são solitários sem que, muitas vezes, se dêem conta disso. E, por fim, como o rochedo, incorrem no risco de desaparecer sem realmente conhecerem a paisagem que os abraça, erodidos pelos próprios interesses, consumidos pelo tempo e pela solidão.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
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