Quando o ensolarado Texas se encontra com uma frígida e cinzenta Nova York, as possibilidades de o frio se sobrepor ao calor são consideráveis. Quando o esperançoso cowboy Joe Buck chega à cidade, logo conclui que não apenas a cidade é gélida, como também muitas das pessoas que nela vivem. Em meio a sexo, drogas, orgias e indiferença, ele se descobre completamente perdido e deslocado num universo que não é o dele. A seu lado o manco “Ratso”, uma vítima da insensatez urbana da Nova York da época, guiando-o qual um cão labrador em meio ao turbilhão de incongruências que os cerca. Nos dois, a esperança de encontrar alento às próprias frustrações bem longe dali, talvez na forma de algum tipo de redenção que somente o esplendor tropical da distante Flórida poderia lhes proporcionar.
Rodado em 1969 e dirigido por John Schlensinger, “Perdidos Na Noite” (Midnight Cowboy) é um daqueles filmes com o poder de inserir o espectador nos conflitos vividos por suas personagens. Contando com Jon Voight (Joe Buck) e Dustin Hoffman (como Enrico Rizzo “Ratso”) encabeçando o elenco, ganhou Oscar de melhor filme, diretor e melhor roteiro adaptado em 1970. Tinha como música tema a enigmática “Everybody’s Talkin”, de Fred Neil e enriqueceu-se com as atuações memoráveis de Voight e Hoffman (que chegou a fazer uso de pedras nos sapatos durante as filmagens, de modo a tornar o mancar de “Ratso” ainda mais real).
Suas exibições na tv brasileira – mesmo em canais fechados – e as escassas menções dedicadas a “Perdidos Na Noite” fazem do filme um programa cult em terras tupiniquins. Na condição de cinema que já nasceu para se tornar clássico, é o tipo de película atemporal que sempre vale ser vista e revista.
sábado, 13 de novembro de 2010
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