sábado, 23 de janeiro de 2010

Seção Cult: "Equilibrio Distante"



No final da década de 1990, era difícil encontrar alguém que não tivesse ouvido falar da Legião Urbana. Com vários sucessos emplacados ao longo de mais de 10 anos de estrada, a banda conquistava adolescentes e pais com suas letras bem acabadas e arranjos variando entre a influência punk e o pop venal. Em meio a um estrondoso sucesso, um nome se destacava nos encartes e nos créditos dos discos: Renato Russo.
Jovem ainda, Renato Russo faleceu em 1996, vítima de complicações relacionadas à AIDS. Deixou para trás um grande acervo ao lado da Legião Urbana, mas não sem antes presentear seu público com projetos solo, dentre os quais destaca-se o caprichado "Equilibrio Distante".
Gravado em 1995 e lançado no ano seguinte, o disco trazia Renato Russo interpretando magistralmente belíssimas canções em italiano, acrescidas de um interessante acabamento em papel (havia o CD em caixa plástica, mas a capa de papel era bem mais comum), além de fotos antigas de pessoas que viveram na Curitiba do início do século XX e ilustrações renascentistas de Carlo Maratta, Guido Reni, Rosso Fiorentino e Francesco Albani.
Lançado pela EMI-Odeon e produzido por Carlos Trilha e pelo próprio Renato Russo, o CD continha pérolas como "Gente", "Dolcissima Maria", "La Força Della Vita", "Piú o Meno", "La Vita È Adesso", além da versão de "Como Uma Onda", de Lulu Santos e Nelson Motta (num sumpler com o clássico da bossa nova "Wave"), "Wave/Come Fa Un'Onda". Nas rádios, emplacou "La Solitudine" e "Strani Amori".
Pode-se presumir que Renato Russo quis homenagear a origem italo-brasileira de sua família quando idealizou "Equilibrio Distante". Pode-se dizer também que, ciente de sua molétia capital, encontrou no CD uma maneira de presentear seus fans. Pode-se até dizer que se tratava de um simples trabalho pessoal, como o enfadonho "The Stonewall Celebration Concert" (o CD em inglês, de 1994), e que Renato não esperava vender as 1 milhão de cópias que vendeu. Pode-se deduzir, pode-se afirmar o que quiser. Uma coisa, no entanto, é inquestionável: Renato Russo nos brindou com um disco maravilhoso, cujo "equilíbrio" não era "distante" e, sim, perfeito.

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