segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Agora, Falando Sério: Uma Nova Gramática Não Vai Nos Livrar De Velhos Vícios...
Então você estudou como um condenado, passou sufoco no final do ano, teve de memorizar aquelas trocentas regras da Língua Portuguesa, ouviu desaforo de seus pais e piadinhas de seus colegas, passando por tudo isso para aprender o elementar e, então, quando finalmente fez tudo o que tinha de fazer para conseguir uma boa formação... eles mudam a Gramática e você praticamente volta à estaca zero.
Não sei, na minha humilde ignorância, qual será o benefício prático de alterarmos nossas tão estabelecidas regras gramaticais à custa de bancarmos, mais uma vez, os "macaquinhos de imitação" ao seguirmos os padrões lusos de "nosso" idioma oficial. Mas sei que essa mudança, além de desrespeitar todos os anos de estudos de uma geração inteira, não vai beneficiar o aprendizado da Língua Portuguesa por parte de milhões de brasileiros que não puderam - ou mesmo não quiseram - dedicar-se aos estudos. A não ser que tais pessoas tenham oportunidade ou se disponham ao aprendizado, mudar o que tão bem se adequava ao nosso jeito de falar Português - com toda o caldeamento proporcionado à língua pelas contribuições dos negros, dos índios e de outros grupos étnicos que contribuíram para a formação do nosso povo, da nossa cultura - não vai fazer outra coisa senão atrapalhar o ato de escrever, pois o que irá para o papel não mais combinará com que estará saindo pela boca.
Por outro lado, sei a quem poderá beneficiar essa mudança: em primeiro lugar, às editoras que vão faturar milhões tendo de reimprimir todas as suas coleções - afinal a mudança atinge o modo de escrever todos os livros, não apenas os de Língua Portuguesa. Depois vem os dirigentes da mudança, pessoas que posarão de revolucionárias em busca de maiores possibilidades laborais com um currículum aquecido pelo que, na verdade, não passa de uma grande trapalhada, cujas consequências virão com o passar dos anos; e por último estão os políticos, que também vão sustentar a pose de revolucionários da "grande transformação" de nossa Gramática.
Que pilhéria! Enquanto tudo isso acontece, a verdadeira revolução continua esperando: um Brasil com índices decentes de analfabetismo ao invés desta coisa escabrosa que beira os 12% da população adulta. Mas isso não interessa aos vaidosos acadêmicos, às insaciáveis editoras e muito menos aos políticos, cuja maioria sempre se alimentou desse analfabetismo vergonhoso. Então vamos continuar fazendo essas revoluções que não transformam coisa nenhuma e fingindo que estamos fazendo alguma coisa relevante para o futuro deste país.
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