Em
tempos nos quais a morte de Osama Bin Laden ocupa grande espaço nas
manchetes dos principais jornais, nos vemos diante de ideias
preconcebidas que buscam associar a religião Islâmica ao terrorismo
e, principalmente, ao chamado fundamentalismo. Se incorrermos no erro
de tomar como certa tais ideias, então nos caberá um sério exame
de consciência pela injustiça que estaremos cometendo junto a
grande maioria dos praticantes da fé islâmica, que se mantém mais
voltada à prática da religião e que rejeita – e mesmo condena –
quaisquer manifestações violentas por parte de grupos radicais,
sempre prontos a distorcer a mensagem do Alcorão.Devemos
controlar essa mania de olhar para a casa do vizinho sem notar os
defeitos do nosso próprio lar. Isso porque não nos falta toda a
sorte de pequenos fundamentalismos que, além das várias religiões,
manifestam-se em outros segmentos pertinentes ao cotidiano de nossa
sociedade. Seja nas “torcidas organizadas para a baderna” que
tumultuam os jogos de futebol, seja na adoração desarvorada a
determinadas figuras políticas de pouca credibilidade, seja na
perseguição aos fumantes, seja na imposição do politicamente
correto ou na manutenção das desigualdades sociais que ainda
assolam o Brasil, o nosso “fundamentalismo de todos os dias” se
manifesta por meio da imposição, da sedução, do engodo, em
diferentes formas e através de meios diversos, reduzindo a liberdade
e limitando nossas escolhas.É claro que não lançamos aviões
sobre arranha-céus – ao menos, não ainda. Todavia, independente
do contexto e da atitude, nosso telhado de vidro não nos deixa em
posição de julgar o fundamentalismo de ninguém - como se não
tivéssemos nossos momentos de extremismo irracional – nem tão
pouco em condição de considerar como terroristas todos os que
professam o Islã. Afinal, não é de bom grado que continuemos a nos
comportar como vizinhos hipócritas.
(Publicado
em 05/05/2011)
em 05/05/2011)
Nenhum comentário:
Postar um comentário