domingo, 5 de fevereiro de 2012

Agora, Falando Sério: Desenvolvido é o Cacete!



Não
se trata de pessimismo, nem tão pouco de aderir à turma que torce
para que tudo dê errado. Trata-se de analisar a situação à luz da
realidade, sem mascarar os fatos com devaneios ufanistas, apressando
utopias megalomaníacas herdadas dos meios acadêmicos desde os
tempos anteriores ao Regime Militar.Muito por isso, causa certa
surpresa observar alguns especialistas, jornalistas e intelectuais
insistindo na afirmação de que o Brasil já pode ser considerado um
país desenvolvido. Baseando-se quase exclusivamente em dados
econômicos, os oráculos desta “euforia desenvolvimentista” não
se cansam de repetir os percentuais de crescimento da economia
brasileira, o posicionamento do país no ranking das maiores
economias do mundo, a recuperação do poder de compra da classe
média, a inserção de milhões de pessoas à chamada classe C e
assim por diante – sempre com o foco voltado ao espectro
financeiro.Vamos baixar a bola, pessoal: é com pesar que informo
aos “arautos do deslumbramento” que o Brasil ainda é um país
subdesenvolvido. E digo mais: está longe o dia em que contemplaremos
os horizontes aprazíveis da opulência e ostentação. Não se pode
falar em desenvolvimento real e consolidado enquanto as desigualdades
sociais persistem no país, enquanto alimentarmos uma taxa de
analfabetismo da ordem de 9,6%, enquanto nossa mortalidade infantil
não estiver abaixo de 10 por mil ou nosso IDH se mantiver mais
próximo ao corpo do que ao ápice da tabela estabelecida pela
ONU.Fortalecimento econômico com ênfase nos setores secundário
e terciário é algo necessário e bastante favorável, porém não é
tudo: as imprescindíveis melhorias da qualidade de vida da população
– além da ampliação de uma incondicional oferta de serviços
públicos – são muito mais relevantes na condição de critérios
para o desenvolvimento de uma nação. Desçamos do salto alto e
coloquemos nossos pés no chão. Caso contrário, diante a uma queda,
os ferimentos poderão ser proporcionais à altura de nossa
arrogância.

(Publicado
em 01/07/2011)

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