Estávamos a caminho do final da década de 1980, o Brasil vivia um momento teatral de transição política, enquanto o voraz monstro da inflação fazia da nossa economia uma piada tão grande quanto "a volta da democracia". Em meio a este cenário caótico de marasmo social e violência galopantes, legiões de desesperados, famintos e também desordeiros promoviam saques a supermercados em diferentes lugares do país, porém com maior freqüência no Rio de Janeiro.
As invasões ocorriam geralmente à noite quando o contingente de policiais era menor, o que facilitava a ação de homens, mulheres e até crianças, causando enormes prejuízos aos proprietários dos estabelecimentos saqueados. A imagem de tais pessoas disputando quilos de arroz e feijão, sob os olhares indiferentes dos saqueadores da nação que, poucos anos antes, haviam retomado o controle sobre a Federação, é um dos maiores constrangimentos históricos não-reconhecidos ao longo destes 510 anos de Brasil.
Passados mais de 20 anos, vai longe a lembrança da época em que supermercados eram saqueados. A economia está mais sólida, a vigilância está mais presente e o brasileiro aprendeu diferentes malabarismos na tentativa de viver honestamente. A única situação que se mostra imutável - e que, na verdade, até se agravou - é a permanência dos saqueadores na capital federal, se alimentando dos frutos do trabalho suado de cada brasileiro, através de impostos, taxas, multas e contribuições de toda ordem, numa vergonhosa cruzada de parasitagem como caminho mais fácil para a aquisição de infindáveis regalias. Estes "cafetões do colarinho branco" têm fome de vida fácil, status e poder e, por isso, nos saqueiam e sacaneiam repetidas vezes, todos os anos. E você, tem fome de quê?
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário