domingo, 27 de dezembro de 2009

Seção Cult: "Elvis Country"



Quando o assunto é Elvis Presley, muito se fala de sua rebeldia nos anos 50, da estagnação de sua carreira e filmes de qualidade duvidosa da década de 60 e de suas roupas cafonas (que não eram cafonas para a época) nas turnês intermináveis dos anos 70. Todavia, pouco se fala de certos projetos do Rei do rock cuja qualidade justifica todo o indubitável talento que vibrava de forma perfeita em sua impecável voz.
É o caso do disco "Elvis Country" (RCA, 1971), no qual Presley mostra mais uma vez a sua diversidade artística. Ele já havia realizado projetos diferentes como os LP's de música gospel ("His Hand Is Mine", "How Great Your Art") ou enveredando pela soul music ("From Menphis, Tennesse"), sempre surpreendente, sempre impecável - em voz e arranjos. Tais "trabalhos paralelos" de Elvis Presley pareciam conter o seu toque pessoal, como se o rei fosse determinante na concepção final do álbum - e era, principalmente pelo explendor de seu canto.
Ininterrupto, com as faixas interligadas por trechos de "I'm 10,000 years ago", o LP "Elvis Country" trazia trilhas completas de ponta a ponta no lado A e no lado B. Lançado em CD na década de 80 (e até hoje, inédito no Brasil), o disco contém maravilhas como "Snowbird", "Tomorrow Never Comes" (onde a voz de Presley está arrebatadora), "Little Cabin On The Hill", "Funny How Time Slips Away" (muito executada por Elvis nos shows), "It's Your Baby, You Rock It", "The Fool" (cujo o arranjo foi utilizado por Raul Seixas no Brasil numa das versões de "As Minas Do Rei Salomão"), "Faded Love" e a quentíssima "Washed my Hands In Muddy Water".
Em tempos de softwars que compensam os desafinos dos cantores atuais até em apresentações ao vivo, ouvir Elvis Presley é mais que uma contemplação: é um prazer. Sua voz verdadeira e definitiva já impressionava nos discos clássicos dos anos 50 (como "Elvis Presley", o primeiro LP pela RCA, de 1956), passou quase despercebida nas bobagens que filmou nos anos 60 e tornou-se deveras ofegante nos repetitivos discos ao vivo da década de 70. Porém "Elvis Country" traz todas as qualidades do rei acrescidas de sua cumplicidade para com a obra. Você não poderá dizer que tem uma boa discoteca em casa enquanto "Elvis Country" não estiver disponível para acalentar seus ouvidos e ritmar seu coração.

2 comentários:

  1. A internet fez um grande favor a esse menino: tirar aos poucos todos esses rotulos simplistas a que você se referiu no inicio do seu texto, graças a curiosidade de cada internauta e todo o material disponível na rede.

    Esses rotulos pesam sobre Presley desde a decada de 80, época em que podiamos contar com algumas revistas malfeitas e parcos relançamentos, o que so serviu para cristalizar a imagem de uma parte de sua obra em detrimento da qualidade de todo o resto.


    Elvis merece que sejamos justos com o conjunto do que fez: é multifacetado, bem construido, rico e exatamente por isso se renova sempre, como vc pôde constatar.

    Obrigado pelo cuidado e pela pesquisa.

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  2. Olá, Ana. Eu é que agradeço sua participação. Foi uma postagem feita com muita paixão. Um abraço.

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