domingo, 17 de abril de 2011
Agora, Falando Sério: O Que Está Acontecendo?
Se tem uma coisa que há tempos virou clichê e que muitas pessoas já não suportam mais ouvir é a velha história de atribuir as tragédias do mundo ao verossímil “sinal dos tempos”. A visão apocalíptica dos dias atuais, ventilada à exaustão nos assoalhos e altares dos templos religiosos, exprime uma causa cujo efeito não chega – como não chegou o “fim do mundo” datado por algumas seitas para o ano 2000 que passou sem que nada acontecesse.
Mas se a figura alegórica dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse – levada ao extremo por religiosos mais exaltados – até hoje não deu as caras por aqui para tocar suas trombetas, então o que está acontecendo? Afinal, se o jargão do “sinal dos tempos” há séculos é explorado por líderes religiosos de toda ordem, com suas previsíveis demandas por tragédias, o que mais ainda resta acontecer para que os tais Cavaleiros do Apocalipse apareçam por aqui, para que os céus se abram e, assim, Jesus Cristo venha buscar sua seleta panelinha de “escolhidos”, largando todo a mulambada restante à própria sorte?
Fato é que o prazo de validade das profecias cristãs expirou faz tempo, o cristianismo perde cada vez mais espaço para o islamismo e, de certo, Jesus não virá para escolher ninguém, seja porque não está nem aí para o nosso mundinho, seja porque, historicamente, não foi de seu feitio segregar uns em benefício de outros.
Fato é que crianças indefesas continuam sendo chacinadas por psicopatas dementes, pais e filhos seguem se matando em razão de seus próprios interesses, usinas nucleares lançam radiação em alto mar, cidadãos de um mesmo país se trucidam por interesses políticos, crianças continuam padecendo à mingua arrasadas pela fome na África e em outras regiões do mundo – e, no entanto, nada acontece. Será que precisamos de mais tragédias ainda?
Fato é que a espécie humana é uma cambada só, na qual não há benefício de escolha entre privilégio e detrimento: nosso futuro neste planeta depende de quanto tempo ainda vai levar até que tenhamos aprendido a conviver em harmonia conosco e com o restante do mundo – talvez o mais elementar dos princípios. Caso contrário estamos fadados ao desaparecimento enquanto espécie, não por forças sobrenaturais montando cavalos e trocando trombetas, mas sim por nossa própria ignorância.
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